"A felicidade não se deve ao acaso nem é um presente do destino. Não é, por exemplo, a ausência de infelicidade, sua simples negação. A infelicidade é um fato, a felicidade não. A infelicidade é um estado, a felicidade não. No limite: a felicidade não existe. É necessário, portanto, inventá-la.
A felicidade não é uma coisa; é um pensamento. Não é um fato; é uma invenção. Não é um estado; é uma ação. Digamos a palavra: a felicidade é criação.
A felicidade não é uma coisa; é um pensamento. Não é um fato; é uma invenção. Não é um estado; é uma ação. Digamos a palavra: a felicidade é criação.
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O homem feliz é aquele que, como se diz, "não tem mais nada a esperar", e Gide tinha razão, querendo morrer "totalmente desesperado": seria morrer feliz. [...] A esperança é o aguardo da felicidade - o que supõe não a ter. Sabemos que poderemos aguardá-la por muito tempo, tanto mais quanto mais a esperamos. [...] "Nós nunca vivemos, esperamos viver e, dispondo-nos sempre a ser felizes, é inevitável que nunca sejamos..." [Pascal]. Ter esperança é aguardar; a felicidade começa quando não se aguarda mais. O desesperado quer ser feliz já. [...]
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"tu, no entanto, que não és de amanhã, tu adias a alegria; a vida perece pelo adiamento" [Epicuro].
SPONVILLE-COMTE, André. Tratado do Desespero e da Beatitude. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2006, pp. 9, 10, 26 e 27.
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