quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Dois breves textos de Paulo Coelho

         Até o dia de hoje, o que havia conhecido dos textos de Paulo Coelho não havia gostado, sobretudo, os livros - que não li mais de três páginas de um ou dois com os quais me deparei, ou me foi indicado ler. Hoje, no entanto, passei pela sua coluna no G1 e li duas de suas "mensagens do dia" que gostei, e, por isso, irei repassá-las. 

       Não tenho preconceito com Paulo Coelho. Em geral, não tenho preconceito com escritores. Tenho paciência e consideração pelo que é-me apresentado por escrito. Mesmo escritores que me trouxeram uma experiência descontente, se me oferecida outra oportunidade futura de novo contato com ele, novamente terei as mesmas paciência e consideração ao seu texto. Por esse comportamento descomplicado, torna-se difícil haver preconceito firmado em mim em relação a escritores (ou mesmo obras). Estou sempre pronta para ler o que as oportunidades me reservam. 

        Diria que um escritor e uma obra são capazes de me afastar permanentemente deles por uma única e simples razão: a militância a favor de tudo que é contra o ser humano: se a violência, a imoralidade ou os demais horrores e adversários humanos. A menor complexidade de acabamento, ou mesmo de ideias, em um texto, não me afastam dele. Ideias de médio porte e com objetivos bons também me afeiçoam. Considero esses dois textos do Paulo Coelho para o G1 deste modo definido: ideias de médio porte com objetivos bons, portanto, bons textos.

         Logo, no mais, que sejam bem-vindos os textos, os escritores, e hoje, Paulo Coelho e suas mensagens!



Da indiferença

“Um momento não é um dia”, diz Ângela Chimello, lembrando a história de uma mulher que – ao acordar, reparou que estava frio, e colocou um cobertor sobre o marido ainda adormecido.

Mais tarde o sol esquentou o dia, e o homem despertou suando em bicas. Irritado, chamou a mulher para perguntar quem tinha feito a tolice de cobri-lo num dia tão quente.

Por causa de um pequeno detalhe – geralmente fruto de cuidado ou carinho, terminamos por nos transformar em juízes implacáveis de nosso próximo.

Agimos como se, vendo apenas parte de um filme, pudéssemos saber toda a sua história.

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Da alegria

Um momento de alegria aparece. Está ali, esperando para ser vivido.

Mas não fazemos nada. O momento de alegria acha que talvez não o tenhamos percebido. Então passeia diante de nossos olhos, e aguarda nosso sorriso de compreensão.

De novo, ficamos imóveis.

“O que se passa?”, pergunta o momento de alegria.

“Não sei”, respondemos. “Talvez o medo de que você não volte”.

“E, mesmo que isto aconteça, o que você tem a perder?” Insiste.

“A paz de espírito”, continuamos.

Com a cabeça baixa, o momento de alegria se afasta. E continua­mos com a nossa paz de espírito – aquela paz das tardes de domingo, que ninguém sabe exatamente para que serve, nem o que fazer com ela.

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Fonte: http://g1.globo.com/platb/paulocoelho/

2 comentários:

Nélio Lobo disse...

Olá, Bruna, a primeira obra que comprei foi "O Alquimista", atraído pelo conto de Narciso, de O. Wilde, na contracapa. De Coelho só li mais um, "O Diário de um mago" -- abandonei "Brida" por volta da pág. 20) --, mas desde então nunca mais parei de comprar livros. Quando tiver oportunidade, leia "O Alquimista". Trata-se de uma obra singular e despretensiosa, além de bastante curta (li numa única noite). Creio que gostará.

A propósito, em breve disponibilizarei no Ugh!, paulatinamente (ops!), uma seleção que fiz da coluna diária de Coelho na Folha de S.Paulo.

Forte abraço!

Bruna Caixeta disse...

Olá, Manoel!
Antes de tudo: alegrei-me com seu retorno. Bom tê-lo de volta aos blogues!

Obrigada pela recomendação de "O Alquimista" acompanhada da positiva intuição que irei gostar.

E, feliz notícia saber que teremos uma seleção da coluna do Paulo Coelho no "Ugh!" logo mais! Certamente a conferirei.

Um abração!
Obrigada pela visita.