quarta-feira, 4 de maio de 2011

Fragmentos (2)

Porque, avançando os homens sempre por caminhos batidos por outros e procedendo em suas ações por imitação, mas, sem poder seguir à risca a trilha de outrem nem alcançar a virtude daquele que se imita, um homem prudente deve tomar sempre a via trilhada por homens ilustres, que foram exemplos excelentíssimos a serem imitados: e, não sendo possível ombrear-lhes a virtude, que ao menos se deixe algum vislumbre dela; e que se faça como os arqueiros sensatos, os quais, diante de um alvo demasiado distante, e conhecendo até onde vai a potência de seu arco, alçam a mira muito mais alta que o ponto de destino, não para alcançar com suas flechas tanta altura, mas para poder, com o auxílio de tão alta mira, atingir a sua meta. (p. 62)

MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Trad. Maurício Santana Dias. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2010. 

6 comentários:

Lívio disse...

Bruna, na metáfora de Maquiavel, há a seta. Na infância, li o poema abaixo, de H.W. Longfellow, que também se vale da seta como metáfora: “Disparei para o ar uma seta, / Caiu na terra, não sei onde; / Pois tão depressa ela voou que o olhar/ Não a pôde seguir no voo. // Uma canção eu exalei para o ar; / Caiu na terra, não sei onde; / Pois que olhar tão agudo, tão forte, / Capaz de seguir o voo de uma canção? // Muito tempo depois, num carvalho / Encontrei a seta, ainda inteira; / E a canção, do princípio ao fim, / Num coração amigo fui de novo encontrá-la”.

Bruna Caixeta disse...

Uma belezinha o poema, Lívio! Obrigada por enriquecer o espaço.
Numa atitude um tanto não aconselhável, vou deixar um comentário da poesia, ou melhor, da sua relação com o trecho de Maquiavel, mas prometo que será pequeno: a seta do poema de H.W. Longfellow, assim como a do trecho de "O príncipe", atinge alvos não prévia e certeiramente calculados, mas alcança fins bem-sucedidos.

Lívio disse...

É isso mesmo, Bruna.

Bruna Caixeta disse...

Valeu, Lívio.

Ana Amélia disse...

Taí Bruninha.. acho que a metáfora da seta serve para nós duas... com a devida licença, ouso repetir suas palavras: quem sabe não precisamos atingir nossos alvos tão certeiramente calculados, mas sim alcançar nossos fins bem-sucedidos, sejam eles o que forem.

Sucesso sempre. Esses são meus votos. Você sabe disso, né? =)

Abraços carinhosos, Anita.

Bruna Caixeta disse...

Anita,

que alcancemos os fins bem-sucedidos.

Sucesso para você também.

Abraço afetuoso.