quarta-feira, 6 de abril de 2011

Cântico

 XXVI

O que tu viste amargo,
Doloroso,
Difícil,
O que tu viste breve,
O que tu viste inútil
Foi o que viram os teus olhos humanos,
Esquecidos...
Enganados...
No momento da tua renúncia
Estende sobre a vida
Os teus olhos
E tu verás o que vias:
Mas tu verás melhor...


MEIRELES, Cecília. Cânticos. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2003. p. 61.


P.S.: Considero o livro Cânticos, da Cecília Meireles, o mais belo entre todos os seus. Grande parte desta minha atribuição, repousa no fato de os poemas deste livro possuírem, todos, uma sutil e, ao mesmo tempo, intensa espiritualidade. Cecília poetiza o sublime. Faz isso ainda advertindo o homem, com seu jeito cadente e leve, sobre as agruras mundanas e a essência divina.
Como falávamos em experiência poética na postagem anterior, fica a oportunidade de vivê-la com este poema, que é muito mais poesia.

5 comentários:

Lívio disse...

Se for para enxergar, que venha, pois, a renúncia...

Christiane Rocha disse...

Oi mocinha,
Cecília é o máximo!Contudo, nossa cultura ocidental foca a superficialidade e muitos não compreendem a proposta dela. Consideram-na...pessimista.
Abraços c/ saudades,
Chris

Bruna Caixeta disse...

Que venha a renúncia se for para qualquer coisa melhor.

Valeu, Lívio.
__________

Chris,

se dizem que Cecília é pessimista, não é problema. Muitos dos escritores que recebem essa característica têm textos brilhantes, é o caso do Machado de Assis, por exemplo, para falar de um famoso.

Abraços de saudades.

Ana Amélia disse...

Cecília é um das minhas preferidas. Gosto, principalmente, de seus poemas com gosto de infância. Esse cântico me trouxe boas reflexões hoje Bruninha. Reflexões necessárias para mim... é importante olhar novamente... ver melhor.

Nos últimos dias tenho andado bem sedenta de poesia. Foi muito bom deliciar-me com Cecília aqui no seu blog. Merci beaucoup! :)

Beijos Bruninha! :) Sucesso sempre.

Bruna Caixeta disse...

Anita,
no geral, eu adoro poesias com gosto de infância. Se não são as minhas preferidas, estão entre elas. As da Cecília são também ótimas.
Quanto ao Cântico, eu, particularmente, o adoro, sobretudo pelo tratamento sutil do tema. Gosto da capacidade de Cecília de ser sutil. E que bom que você também tenha gostado do poema. Fico feliz.
Grande abraço.
Obrigada.